Conferência Anual do DHIS2: Moçambique partilhou sua experiência de implementação com a comunidade global

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O mês de Junho foi marcado pela especial participação de Moçambique na Conferência Anual do DHIS2. Em reconhecimento aos avanços na gestão de dados de saúde através de uma implementação sustentável do DHIS2, o HISP Centre convidou Moçambique a partilhar a sua experiência com a comunidade global do DHIS2. 

Na ocasião, o Ministério da Saúde (MISAU) fez-se representar pelo Departamento de Informação de Saúde (DIS), o Programa Alargado de Vacinação (PAV) e o Programa Nacional de Combate à Malária (PNCM) que fizeram o uso do espaço concedido em plenário para partilhar os seus casos de implementação como protótipos que podem ser replicados pelos demais países.

O evento reuniu mais de 350 pessoas presenciais e mais de 1000 pessoas online e 157 organizações representando 54 países, entre os dias 12 e 15 de Junho na Universidade de Oslo, Noruega. A Conferência Anual do DHIS2 é o maior evento da comunidade que reúne, anualmente, um grupo diversificado de participantes composto por implementadores, desenvolvedores, representantes de ministérios, parceiros técnicos, doadores e outros especialistas do DHIS2 de todo o mundo.

Partilha de experiências de implementação do DHIS2 e Avanços no Uso de Dados de Saúde em Moçambique: Uma perspectiva do DIS, PAV e PNCM

A partilha de experiências por Moçambique incidiu sobre as actividades desenvolvidas pelo Departamento de Informação de Saúde (DIS), o Programa Alargado de Vacinação (PAV) e o Programa Nacional de Combate à Malária (PNCM). Começou-se por dar uma visão geral da linha de tempo do Sistema de Informação de Saúde (SIS) do MISAU que foi dividida em duas fases: (i) antes da adopção do DHIS2 e (ii) após a adopção do DHIS2.

Ao longo da sua apresentação, o DIS enfatizou que “houve muitas tentativas de implementação de um SIS sustentável, mas por várias razões, nenhum desses sistemas conseguiu atender às expectativas de evolução”. No entanto, foram tiradas lições”. São essas lições que hoje são usadas para uma implementação sustentável do DHIS2 nos vários programas.

Sobre a adopção do DHIS2, o DIS deixou a saber que Inicialmente o DHIS2 foi introduzido para a gestão de dados agregados que rapidamente tornou-se um sucesso. Isso fez com recebessem uma forte pressão dos Programas de Saúde para migrar para dados a nível de paciente.

Os módulos de internação e TB foram os primeiros a serem incluídos na implementação do DHIS2 Tracker; auditoria de mortalidade materna e neonatal, módulos de maternidade e parto foram adicionados em seguida. O sucesso do módulo de internação aumentou a demanda e agora os módulos de rastreio para imunização de rotina, câncer e HIV estão em desenvolvimento.

Apesar do país ter enfrentado diversos desafios, graças à introdução dos módulos individuais, o país conseguiu produzir, pela primeira vez, um relatório sobre mortalidade e suas causas. Atualmente, mais de 90% das mortes hospitalares são registradas individualmente e codificadas de acordo com a CID-10. Também foi possível fornecer, de forma automática, dados sobre as mortes registradas pelo Ministério da Saúde ao sector de Justiça para o Sistema Eletrônico de Registro Civil.

No âmbito do PAV, a gestão de dados da campanha de vacinação foi o assunto escolhido para a partilha global. Foi destacado o uso do aplicativo de introdução de dados por bairro como uma ferramenta que tem flexibilizado o reporte de dados das campanhas de vacinação a nível nacional.

Por fim, o PNCM enfatizou o desenvolvimento do Sistema de Informação Integrada sobre a Malária (SIIM) uma plataforma que facilita a colecta e análise de dados, bem como orienta a tomada de decisão em políticas e estratégias de combate à malária em Moçambique. Destacou-se o facto de que o SIIM resolveu muitos dos problemas enfrentados anteriormente pelo PNCM, como a existência de múltiplas fontes de dados com diferentes definições, falta de padronização nas ferramentas de relatórios e indicadores, acesso e integração inadequados dos dados, e falta de saídas automatizadas.

Essas apresentações destacaram o progresso alcançado em termos de colecta, gestão e análise de dados de saúde em Moçambique por meio da implementação do DHIS2 e de soluções específicas para cada programa, contribuindo para melhorar a qualidade e a utilização dos dados na tomada de decisões.

Sessão Lusófona: Países da comunidade partilham experiências entre si

O DHIS2 tem ganhado cada vez mais relevância nos países lusófonos, por meio da implementação de diversos projectos que visam fortalecer os sistemas de informação de saúde. A partilha de experiências entre estes países ao longo da conferência foi feita em seda da sessão lusófona, uma sessão orientada aos países da lusofonia que serve de fórum de debate sobre o uso do DHIS2 entre os países da região.

Para o ano de 2023, experiências bem-sucedidas de implementação do DHIS2 na região incluíram a gestão de stock na Guiné Bissau, a customização de uma Web App para a gestão de dados de campanha de pólio e o estabelecimento da interoperabilidade para a integração de dados na gestão de medicamentos em Moçambique, a administração massiva de medicamentos em Angola e uma diversidade de outros projectos de expressivo impacto em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

No Brasil, onde o DHIS2 está a ser implementado na sua fase inicial no sector da saúde pública, já conta com uma história de sucesso no sector privado de saúde corporativa onde o uso do DHIS2 desempenhou um papel importante na estabilização do processo de atendimento de operações de atenção primária.

Nesta sessão, pretendeu-se compartilhar algumas experiências de implementação que vislumbram o impacto do DHIS2 nos países lusófonos. Para isso, a equipa da Saudigitus, que tem estado a liderar a implementação e a capacitação de utilizadores na região, deu uma visão geral sobre o processo evolutivo do DHIS2 nesses países.

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